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30.6.03

No DN de hoje, João César das Neves reafirma a sua convicção na superioridade moral da Igreja Católica ("Da autoria de D. António dos Reis Rodrigues, bispo titular de Madarsuma, o livro revela o valor, a beleza, até a superioridade da doutrina social da Igreja").
Já há um ano ou dois que venho acompanhando irregularmente as crónicas de JCN e pergunto-me - será demais especular que, se tivesse nascido num país árabe, JCN seria no mínimo simpatizante de movimentos fundamentalistas islâmicos?...

29.6.03

Parece que no Japão têm uma estranha maneira de definir o que é comida saudável - pelo menos no caso de um "petisco" conhecido como "natto":

"The story goes that some soybeans were to be delivered to a remote daimyo during the feudal period, but due to the difficulties and hazards of travel, the beans were out in the sun too long, packed inside of some wild straw. Once the goods arrived at the daimyo, the beans were rotting and gooey. But these were tough times, they had to eat something until they could afford to get more food.

So someone was ordered by the officials to try the stuff, and basically he didn’t die. They were able to eat it for quite a while until more provisions could be acquired. So even today they make natto in the same way, just letting the beans rot in some straw out in the sun.

If you have the opportunity to try it, don’t be a man. Just leave the stuff alone. This is the crap parents force their kids to eat in Japan, why should you do it willingly?
"

Isto é apenas uma pequena parte deste artigo que não tem nada a ver com gastronomia.

28.6.03

Pelo menos as conversões cinematográficas da série "Harry Potter" sempre terão a preocupação de manter a história e espírito da versão original - tomara que os hereges que corromperam a "Liga de Cavalheiros Extraordinários" ("League of Extraordinary Gentlemen" no original) ao passá-la para o grande ecrã tivessem tido a mesma preocupação.
O filme, com a excepção da presença de alguns personagens (Allan Quartermain, interprtado por Sean Connery, Capitão Nemo, Henry Jekyll/Edward Hyde...) cujos papéis foram bastante mudados (Allan deixa de ser viciado em drogas e passa a protagonista em deterimento de Mina Murray, que se destacava como uma mulher forte num papel de liderança sobre um grupo de homens), não parece ter nada a ver com a BD original de Allan Moore, cuja riqueza de detalhes e referências a diversas obras da época vitoriana chega a ser suficiente para publicar um livro à parte sobre o assunto.

Quando incluem à força um Tom Sawyer (que não aparecia nos livros) como co-protagonista para que um americano tenha protagonismo, e deturpam Dorian Grey (também activamente ausente no original) para que este se torne num imortal à prova de balas e Mina Murray para que passe a ser uma vampira, está-se mesmo a ver que se está a cozinhar um filme de acção com pouco ou nenhum respeito pelo que fez a BD original destacar-se...

Se querem um conselho ("NÃO!"), boicotem o "LXG" quando sair em Portugal - em vez disso, vão a uma Fnac, peguem na tradução para português da Liga de Cavalheiros Extraordinários, sentem-se em algum lado, e comecem a ler. Não se surpreendam se saírem de lá com o livro comprado, assumindo que o orçamento deixa.

Por acaso já calhou ler todos os Harry Potter que foram traduzidos para português - não lhes faltam defeitos, como a maioria dos personagens ser pouco mais que estereótipos unidimensionais (sempre têm uma vantagem sobre o próprio Harry, que não tem aparentemente personalidade própria - segundo o livro "Understanding Comics" de Scott McCloud, certamente é seguro assumir que isso é um recurso literário que permite ao leitor identificar-se com o personagem, colocando-se no lugar dele durante a leitura com o mí­nimo de choque possí­vel).

No entanto, há que reconhecer que, pelo menos no caso das traduções para português, o texto é extremamente fluído, pelo que de bom grado se devoram centenas de páginas de uma assentada só, se as circuntâncias o permitirem. A isso junte-se um bom sentido de humor com uma dose generosa de imaginação (ainda que recorrendo a imagens muito gastas como as vassouras voadoras e afins) que sabe tirar partido de um conceito muito vasto de "magia" para criar ainda mais situações engraçadas, várias sub-histórias talentosamente encadeadas de modo a manter a fluidez da acção apesar da variedade de peripécias, e temos algo que ninguém deveria hesitar oferecer aos mais novos - quando crescerem logo poderão apreciar melhor personagens mais realistas e mundos mais "crus"... até porque apesar de serem considerados livros para crianças, os livros mais recentes têm conseguido mostrar alguns aspectos menos bonitos e lineares do comportamento humano. Quem leu o 4º livro (e por isso certamente entende a procura do 5º, acabado de sair) poderá certamente atestar por isso.

Só me dá pena é ver os livros convertidos para cinema - as descrições que J.K. Rowling faz dos personagens são de tal modo caricaturais na maior parte das vezes, que ao ler os livros imagino tudo em formato de caricatura/desenho animado, motivo pelo qual não fui ver nenhum dos filmes, nem planeio ir ver por iniciativa própria. No entanto, a falta de expressividade de Daniel Radcliffe, que faz o papel de Harry, parece bater certo com a falta de personalidade do seu equivalente literário...
E depois de ler os mesmos, é triste pensar que muita gente não se dará ao trabalho de os folhear sequer apenas por já ter visto os filmes...

Carlos Quevedo tem no DNA de hoje uma crónica sobre os livros da série Harry Potter.
O detalhe interessante é que os critica pela negativa admitindo que não leu nenhum deles.

Quando fôr grande também quero ser pago pra escrever sobre coisas que não conheço tão bem quanto isso...

Há poucos dias adquiri na livraria Galileu em Cascais (abençoados preços de 2ª mão... dá gosto passar por lá e ver se há "novidades" tentadoras) o "Guia para Ficar a Saber Ainda Menos Sobre as Mulheres" de Isabel Stillwell - para além de ser uma leitura agradável (ainda que breve - quando se lamenta o facto de um filme, livro ou semelhante ter chegado ao fim, sabemos que estamos perante algo que realmente deu gosto - fiquei com a impressão de não ter passado mais de 15 minutos a lê-lo; pra compensar, dei comigo a reler páginas ao acaso ao longo dos dias que se seguiram à  compra e primeira leitura), o livro passa um ponto de vista no mÃínimo intrigante sobre a visão que as mulheres têm das relações.

Não me considero nem pouco mais ou menos conhecedor da psique feminina quanto baste para verificar a validade dos princí­pios invocados, nem das pesquisas feitas por Stillwell entre as suas milhares de colegas na árdua vivência da feminilidade (acho que ainda não assimilei completamente o facto da existência da menstruação, mesmo passados 14 anos da leitura do "Diário de um Adolescente com a Mania da Saúde", onde descobri que tal coisa existia), mas perante o cenário pintado no livro, um tipo sente-se mesmo no dever de repensar as relações presentes, passadas e futuras... acho eu - hoje emprestei o livro a um amigo meu que está numa relação há coisa de 9 meses, e pergunto-me se daí virão efeitos secundários.

Basicamente, o quadro pintado como o interpretei é de uma peça em que as mulheres são as argumentistas , e também personagens que estão lá para ser apaparicadas e se sentirem como as criaturas mais maravilhosas do Universo - os homens são os protagonistas de volúvel protagonismo, que tanto podem ser num momento o herói, como um figurante ou repelente vilão. O que determina o papel é não só o capricho da argumentista, como também a capacidade de constantemente agradar e surpreender agradávelmente a mesma - a parte complicada, como se as coisas não fossem já trabalhosas para nós portadores do coxo cromossoma Y, é que por vezes é esperado que adivinhemos o que elas desejam - mesmo quando as próprias não sabem.

Junte-se a isso situações clássicas, como elas estarem com o ar mais triste/deprimido deste mundo e mesmo assim responderem "nada" quando lhes perguntamos o que se passa, e um tipo pergunta-se sobre como raios é que a raça humana dura até hoje, pois os obstáculos à  propagação da espécie parecem sobre-hércúleos - a não ser que os talentos psíquicos de Hércules se equiparassem aos fí­sicos.
Pergunto-me se a Patroa Natureza não terá concebido a mente feminina como um "filtro evolutivo" que previligia talentos extra-sensoriais como a leitura de mentes na escolha de genes preferíveis a passar a gerações futuras... certamente seria um exagero... as reacções de qualquer grupo de meninas adolescentes perante uma boys-band ou equivalente mediático masculino parecem provar isso.

Sorte a nossa, que sendo criaturas simples apesar da vontade de agradar, inevitávelmente vemo-nos confrontados com os nossos limites - talvez as relações, ou pelo menos as paixões, sejam um incentivo para os testar.

Afinal, como poderí­amos alguma vez ultrapassar limites sem sequer lhes tocar?...


Entre o "factor surpresa" tão difí­cil de renovar ao longo do tempo e a beleza física que a exposição prolongada banaliza, pergunto-me se as relações amorosas serão no seu estado mais "cru", como concebidas pela Patroa para tantas criaturas e para os humanos em particular, algo que é suposto ser breve e intenso...

Mesmo inclinando-me ligeiramente para essa teoria, certamente não tenho resposta definitiva sobre o assunto, e muito menos planos de andar a brincar com os sentimentos das mulheres com quem tiver o privilégio de me relacionar intimamente... no entanto, algo como o casamento não me parece uma opção de vida particularmente viável.

No entanto, vivo na esperança de conhecer alguma mulher que seja capaz de me fazer mudar de idéias... ;)

27.6.03

Há coisa de um par de semanas lá tive de ir à inspecção militar - se a Natureza obriga as mulheres a aturarem algumas chatices, lá se encarregou a civilização humana de arranjar algo para os homens... mas fora a bela seca que me vez desejar ter levado algo pra ler, e que lá fossem organizados o suficiente para não fazer ninguém perder tempo (e houve quem tivesse de voltar no dia seguinte...), houve algo que me intrigou particularmente:

Se o propósito do ministério da defesa e restantes instituições militares nacionais é defender o território português de qualquer ameaça que lhe possa cair em cima, o que raio estava a fazer uma máquina de venda de Colas (ou Pepsis.. mal as distingo) mesmo ao lado de uma onde vendiam Sumol, uma bebida que tanto quanto sei é 100% nacional. Há assim tanta colaboração com o "amigo americano" que até se faz o favor de ajudar os EUA a arrecadar mais uns trocos à nossa custa?
Pelo menos sempre há uma opção, tudo bem, mas quem quisesse comprar algo tão tipicamente estrangeiro poderia perfeitamente sair do centro de recrutamento (zona de Belém - oriento-me demasiado mal em Lisboa para dar indicações mais específicas que isto), que a poucos passos o encontraria certamente num estabelecimento exterior - não tendo lá a dita máquina encorajariam os presentes a apreciar o produto nacional, mantendo a opção de se adquirir algo diferente caso houvesse mesmo vontade.

E brincaram os oficiais com a hipótese de entregarmos tudo a Espanha quando ninguém mostrou interesse na carreira militar... lindo exemplo senhores, mas o patriotismo, tal como a caridade, começa em casa...

Já era de prever - a Visão publica um artigo sobre algo, e uma data de gente vai atrás.

Eu até nem achava grande coisa desta história dos blogs, que basicamente consistiriam em gente sem nada para fazer a escrever sobre coisas que poucos têm interesse em ler - mas claro está, depois de aprofundar os conhecimentos sobre algo, as coisas mudam de figura.

Ou seja, certamente não faltarão por aí blogs inúteis escritos por gente sem interesse (o tempo dirá se isso se aplicará a este meu exercício...), mas é bom saber que há toda uma cena bem mais estimulante do que isso de volta do assunto.

Não deixa de me parecer engraçado o facto de a Visão, que pertence ao grupo empresarial de um certo Francisco Balsemão, venha dizer a todos os seus leitores que os blogs de esquerda são em muito menor número na net - uma oportunidade perfeita para loucos idealistas como este que vos escreve abraçarem uma causa que parece perdida.
Se os números falam muito alto hoje em dia, então se cada um fôr fazendo a sua pequena parte para os mudar...

Também fico com um sítio onde espetar algumas ideias que se me vão passando pelo mente, na vã esperança de espetar com elas em alguma épica obra literária de ficção ou simples webcomic, coisas que nunca chego a fazer pelo meu dilema em perceber se a ficção é uma forma de mentira, e a minha mera incapacidade para desenhar.
Em todo o caso, num Universo que produz factos a um ritmo que esmaga até o de aprendizagem um recém-nascido no pico da sua capacidade de apreender conceitos, certamente a vida real não deixará que aqui falte assunto.

Por hoje chega... já passa das 5 da madrugada e estou cansado...

Agora vão fazer alguma coisa de útil ou interessante, antes que acabem completamente apanhados por esta brincadeira.

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